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COB transforma CT do Time Brasil e busca dar exemplo de sustentabilidade

by Da Reportagem

A preocupação com o meio ambiente se tornou uma das grandes prioridades do movimento olímpico nos últimos anos. Sustentabilidade — ambiental e financeira — virou palavra-chave nas Olimpíadas de Paris, em 2024, que almejavam ser os “Jogos Mais Verdes da História”.

Seguindo essa linha, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) vem adotando práticas para tornar suas operações cada vez mais sustentáveis. Um exemplo concreto está no Centro de Treinamento Time Brasil, localizado na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, que passa por uma grande reforma para se tornar referência em sustentabilidade, não só no esporte.

A ESPN acompanhou de perto as novidades durante um tour exclusivo pelas instalações do Maria Lenk, que já sediaram os Jogos Pan-Americanos de 2007 e Jogos Olímpicos de 2016. Durante a visita, Joana Barcelos e Thaís dos Anjos, representantes da área de sustentabilidade do COB, mostraram como o espaço está se tornando cada vez mais verde.

“A reforma do Centro de Treinamento do Time Brasil considera diversos critérios de sustentabilidade. Desde o bem-estar dos atletas e colaboradores, que vivem o dia a dia aqui, até a eficiência energética de todo o espaço” explica Joana, supervisora de Cultura e Valores Olímpicos do COB.

Entre as mudanças, toda a iluminação do complexo, incluindo a sede administrativa, foi substituída por lâmpadas de LED. Até os tradicionais holofotes das arquibancadas das piscinas do Parque Aquático Maria Lenk foram trocados por modelos mais econômicos.

“Os LEDs das piscinas têm uma vida útil 25 vezes maior do que o sistema antigo. Com isso, esperamos uma economia de 34% nos próximos cinco anos. É um dado muito expressivo quando se fala em eficiência energética”, destaca Thaís dos Anjos, analista de sustentabilidade do COB.

Além da iluminação artificial, o projeto da arquiteta Daniela Polzin, ex-judoca campeã pan-americana em 1999, também valoriza ao máximo a entrada de luz natural, com janelas de vidro por todo o complexo. Isso ajuda tanto na economia de energia como no bem-estar dos atletas, já que o contato com a luz do sol regula o “relógio biológico” dos esportistas que passam horas em treinos intensos na academia do CT.

Se a luz é um ponto central na reforma, a água também tem um papel fundamental. Todos os banheiros agora contam com descargas e chuveiros automáticos. “A água da chuva é armazenada por um sistema de calhas que foi totalmente revitalizado. Essa água é reaproveitada nas descargas e também para irrigação dos jardins”, explica Thaís.

Nos arredores do prédio principal, um dos orgulhos da equipe é a composteira, que armazena lixo orgânico durante o processo de transformação em adubo. O jardineiro do CT cuida do equipamento e já incentivou outros colaboradores, como os responsáveis pelo café, a separar a borra para usar como fertilizante. Além disso, todo o lixo do CT passa por coleta seletiva e é destinado à reciclagem.

Outra iniciativa com impacto direto para os funcionários foi a troca do ponto eletrônico antigo, que emitia papel, por uma versão digital. O COB também promove treinamentos internos sobre sustentabilidade para todos os colaboradores.

“Um dos pilares do nosso programa é a educação. A gente acredita que o colaborador precisa estar informado, consciente do seu papel. Determinadas ações diárias podem ter impacto direto na sustentabilidade”, reforça Joana. “A sustentabilidade é uma área transversal. A gente tem buscado envolver todas as equipes, repensando fluxos de trabalho, digitalizando processos com apoio da equipe de TI”, acrescenta Thaís.

Na ponta do lápis

A equipe de sustentabilidade do COB acompanha de perto as emissões de gases de efeito estufa, tanto nas sedes administrativas quanto nas missões olímpicas e pan-americanas, onde está o maior desafio.

“A gente tem um inventário de emissões. Desde 2021, fazemos o mapeamento de todas as nossas fontes: frota de carros, aquecimento da piscina, energia elétrica e até os extintores de incêndio. Tudo isso conta!”, explica Thaís.

“Trabalhamos com os três escopos. O escopo 1 inclui veículos e equipamentos. O escopo 2 é a energia elétrica. E o escopo 3 envolve viagens de trabalho, que são muitas, por causa das competições. O Brasil tem dimensões continentais, e nossas disputas nem sempre são perto. A logística de transporte, especialmente por avião ou navio, representa nosso maior desafio.”

CT Time Brasil 100% carbono neutro

Enquanto o desafio da mobilidade demanda maior colaboração das empresas de transporte, o COB anunciou nesta quinta-feira (15) mais um passo em direção a sua “bandeira verde”.

“A eficiência energética é uma busca constante da nossa equipe de infraestrutura. Com a chegada da Neoenergia como parceira, aceleramos esse processo. Estamos transformando o CT do Time Brasil em um local 100% carbono neutro. Vamos zerar o escopo 2 das emissões do CT através da energia solar”, comemora Manoela Penna, diretora de comunicação e marketing do COB.

A preocupação com o meio ambiente já deixou de ser um alerta para o futuro: o próprio Comitê Olímpico Internacional (COI) enfrenta dificuldades para encontrar locais com neve para sediar os Jogos de Inverno. E até os Jogos de Verão sofrem com as mudanças climáticas.

“Tem a questão da neve, do mar e da temperatura. Em Tóquio, a gente falava da temperatura na maratona. Hoje, vemos um cenário em que os esportes ao ar livre são fortemente impactados, como o surfe e a vela. A questão da neve é visível a olho nu. Inclusive, escolheram Cortina para os próximos Jogos Olímpicos de Inverno porque lá ainda tem muita neve, mas é possível ver estações de esqui na Europa com temporadas de inverno cada vez mais curtas. A escolha das sedes pode se tornar um desafio tremendo para o futuro.”, alerta Manoela.

“O Comitê Olímpico do Brasil foi o segundo no mundo, atrás apenas da Espanha, a se comprometer com o Acordo do Esporte pela Ação Climática, que é um pacto da ONU e do COI com comitês, federações e clubes, visando à redução de 50% das emissões até 2030.”, afirma Joana.

O COB também leva ações sustentáveis fora dos limites do CT e alcançando até a floresta amazônica, usando atletas como seus principais embaixadores.

“Acreditamos que o esporte é uma ferramenta de comunicação poderosa, capaz de levar a sustentabilidade ao público de forma inspiradora. O atleta é esse elo. O programa de embaixadores olímpicos traz atletas como líderes e porta-vozes dessa pauta.”, conta Thaís.

Um dos exemplos mais simbólicos é a Floresta Olímpica do Brasil, localizada em Tefé, no Amazonas. Lá, Rayssa Leal é a embaixadora. Durante sua visita à região, a skatista conheceu comunidades locais e participou do plantio de uma muda, hoje conhecida como “a muda da Rayssa”.

“As pessoas querem conhecer a muda da Rayssa. Isso mostra o potencial transformador do esporte na luta pela preservação ambiental”, conclui Thaís.

Em tempos em que o futuro e o presente do planeta exigem mudanças, o esporte também precisa ajudar a virar esse jogo.

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