Home Sports Em depoimento, Miguelito nega racismo e dá versão do que disse

Em depoimento, Miguelito nega racismo e dá versão do que disse

by Da Reportagem

Na noite do último domingo (4), o meia Miguelito, do América-MG, foi preso em flagrante na cidade de Ponta Grossa-PR após ser acusado de injúria racial pelo atacante Allano, do Operário.

O boliviano, que pertence ao Santos e está emprestado ao Coelho, prestou depoimento e ficou detido até a audiência de custódia, que deve acontecer na tarde desta segunda-feira (5).

A ESPN teve acesso ao relato de Miguelito ao delegado responsável pelo caso, com o atleta do América-MG negando que tenha cometido racismo.

Em suas palavras, ele usou a expressão “merda do caralho“, e não “preto cagão“, que foi o que foi relatado por Allano e também pelo capitão do Operário, o meia Jacy – os dois atletas são negros.

Confira abaixo o depoimento de Miguelito:

Eu quero falar. O que aconteceu foi depois de um lance, uma falta que aconteceu com ele. Mas já havia acontecido faltas antigas. Tiveram três coisas que eu falei, mas em nenhum momento fui falar diretamente olhando para ele. Primeiro falei “cagão”, pela falta. Mas não foi para o jogador, foi para o juiz, que estava dando umas faltas que a gente chama sem sentido, quando vamos trombar com os caras.

Depois eu falei uma expressão, meio que em espanhol e português: “merda do caralho”.

Mas em nenhum momento eu cheguei e falei com ele diretamente. Foi uma expressão que eu tive porque estavam acontecendo com ele as faltas e tal. Não falei mais nada. Quando eu viro a cabeça pra ele, eu não falo nada. Como eu falei devagar, nem olhava pra ele, ele teve uma reação muito rápida, estava bolado com os lances, brigando com todo mundo, discutindo, e ele começou a falar: “você falou preto”.

Eu olhei sem entender nada, foi quando ele chegou em mim e começou a falar: “Você me chamou de preto! Você me chamou de preto”. Eu olho para ele com cara de quem não estava entendendo o que ele estava falando. Aí chegou o companheiro dele e começou todo mundo a chegar perto, a briga e parou o jogo. Depois mais nada”

Sim [nega que tenha falado “preto do caralho”], eu só falei isso.

Quando eu viro a cabeça, tem duas vezes que eu olho pra ele. Tem uma, que quando eu estou passando por ele, eu falo “caralho”‘, a palavra “merda do caralho”. Quando eu estou na frente e ele atrás, e eu giro a cabeça, foi quando ele começa a falar: “Você falou preto”, e eu achei que ele não estava falando comigo. Quando ele chega pela frente falando “Você falou preto”, apontando pra mim, aí eu não entendi nada. Foi quando chegou o amigo dele [Jacy].

Vale lembrar que, na súmula da partida, o árbitro Alisson Sidnei afirmou que “nenhum integrante da equipe de arbitragem no campo de jogo viu e/ou ouviu tal incidente”.

Allano se pronuncia

Por meio de nota oficial, Allano também se pronunciou sobre o tema nesta segunda-feira (5).

O jogador reafirmou que sofreu injúria racial durante a partida e chamou a situação de “revoltante” e “inaceitável”.

Veja a nota oficial:

Venho, por meio desta nota, me manifestar sobre o episódio lamentável de injúria racial que sofri durante a partida entre Operário e América Mineiro, pelo Campeonato Brasileiro da Série B.

Infelizmente, mais uma vez, o racismo mostrou sua face cruel dentro de um espaço que deveria ser de celebração, respeito e igualdade. Ser ofendido pela cor da minha pele é algo doloroso, revoltante e, acima de tudo, inaceitável.

Não vou me calar. Não por mim apenas, mas por todos os que já passaram por isso e por aqueles que ainda lutam para que esse tipo de violência acabe de vez. O futebol, como a sociedade, precisa dizer basta ao racismo. Precisamos de justiça, responsabilidade e, sobretudo, empatia.

Agradeço ao Operário pelo apoio, aos meus companheiros de equipe, à minha família e a todos que têm se solidarizado comigo neste momento. A luta contra o racismo é de todos nós, e ela não vai parar enquanto houver injustiça.

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