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Estudiantes x Botafogo: Laços de família unem técnico à lenda da Libertadores

by Da Reportagem

Estudiantes-ARG e Botafogo duelam pela CONMEBOL Libertadores na noite desta quarta-feira (14), às 21h30 (horário de Brasília), com transmissão do Disney+. E laços de família unem o técnico do time argentino, Eduardo Domínguez, ao maior vencedor da história da disputa na sua função, Carlos Bianchi. A responsável por aproximá-los é Brenda, a filha mais velha do lendário treinador. Ela escolheu o então zagueiro Eduardo para se casar quando ambos tinham vinte e poucos anos e criou uma relação de genro e sogro especial na história do futebol portenho.

O Vélez Sarsfield-ARG é outro ponto em comum na trajetória deles, já que as histórias de ambos começaram no clube de Liniers: Bianchi como atacante e Domínguez, de zagueiro. É verdade que a estrela de Carlos sempre brilhou mais. Ele é o maior artilheiro da história do Vélez, com 206 gols marcados em suas duas passagens pelo clube. Domínguez não chegou a se firmar na equipe titular e, ao contrário do sogro, não foi jogar na Europa, enquanto Bianchi construiu uma sólida carreira na França, fazendo muitos gols em clubes como Reims, PSG e Strasbourg – Eduardo atuou quase sempre em clubes argentinos, com as exceções sendo as rápidas passagens por Independiente Medellín, da Colômbia, e Los Angeles Galaxy, dos Estados Unidos.

A carreira de Domínguez como técnico está longe de acabar assim como de chegar perto da que foi a do sogro. Os primeiros trabalhos do ex-artilheiro foram ainda na França, onde se aposentou da profissão de jogador. Mas a primeira grande conquista foi no Vélez. Bianchi liderava um time que tinha Chilavert no gol e Turco Asad no ataque. Juntos, eles impediram o tricampeonato do São Paulo de Telê na Libertadores ao ganharem a disputa por pênaltis na final em 1994, em pleno Morumbis. Aquele time histórico ainda ganharia o Mundial de Clubes ao derrotar o Milan por 2 a 0 em Tóquio, no Japão.

Mas o auge da carreira de técnico de Bianchi, atualmente com 75 anos, viria mais tarde, no Boca Juniors. Ele foi o arquiteto do timaço que dominou a Libertadores na virada do Século 20 para o 21, com Riquelme, Palermo, Schelotto, Battaglia, Ibarra, Samuel e do goleiro colombiano Córdoba. E com um jogador que também estivera no Vélez de 1994, o meio-campo Basualdo. Esse Boca histórico ganhou três edições de Libertadores: 2000 (batendo o Palmeiras de Felipão nos pênaltis na final), 2001 (quando atropelou o Vasco nas quartas e ganhou de novo do Palmeiras nos pênaltis na semi para derrotar o Cruz Azul-MEX na decisão) e 2003 (já sem Riquelme, mas com Tevez, com um agregado de 5 a 1 nos dois jogos da final contra o Santos de Robinho, Diego e cia.). No ano seguinte, alcançou de novo a final da Libertadores, mas perdeu nos pênaltis para o Once Caldas, da Colômbia e que na semifinal surpreendera o São Paulo de Cuca. Todo este histórico deu a Carlos Bianchi o título de ‘Mr. Libertadores’. Nenhum outro técnico levantou tantas vezes o maior troféu do futebol sul-americano.

A trajetória de Domínguez, hoje com 46 anos de idade, tem suas conquistas. Ao aposentar-se da carreira de zagueiro, assumiu imediatamente o comando do Huracán-ARG, clube em que jogava àquela altura. Seu primeiro título foi no Uruguai em 2019, à frente do Nacional-URU. Depois, deu ao Colón-ARG sua primeira taça na elite do futebol argentino, a Copa da Liga de 2021. Já no Estudiantes, ganhou a Copa Argentina em 2023 e a Copa da Liga em 2024 – batendo o Vélez na final. Mas ele tem tido dificuldades no que seu sogro era especialista, a Libertadores. Ano passado, ficou em último lugar em seu grupo; neste ano, começou a chave A com vitória esperada sobre o Carabobo-VEN (2 a 0 fora), mas aí tomou um surpreendente 2 a 1 em casa da Universidad de Chile-CHI. Depois, reagiu muitíssimo bem: triunfo sobre o Botafogo (1 a 0 em casa) e troco em La U mesmo jogando em Santiago (3 a 0). O time lidera o grupo com 9 pontos, a equipe chilena vem em segundo, com 7, e só aí aparece o atual campeão brasileiro e continental, com 6 – o Carabobo, lanterna, soma 1.

Domínguez sempre desconversa quando é perguntado sobre possíveis dicas que Bianchi (aposentado desde 2014) possa lhe passar. Diz que o sogro é melhor avô do que foi técnico e que hoje está mais interessado em aproveitar a convivência com os seus filhos do que com ele, mas não nega que nos encontros de família, eventualmente, o futebol é assunto.

Ano passado circulou uma notícia na mídia argentina: o Boca queria contratar os dois. Bianchi seria um diretor técnico, enquanto Domínguez assumiria o trabalho no banco de reservas. Sem contato com a imprensa, Bianchi não comentou. O genro, por sua vez, limitou-se a dizer que estava feliz no Estudiantes. A parceria profissional não deve sair. Mas a gente sempre vai se perguntar o que Bianchi diria a Domínguez num dia como hoje, em que ele vai enfrentar o Botafogo, atual campeão da Libertadores. Uma condição que o sogrão conhece muito bem.

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