A Fifa notificou oficialmente a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e cobrou explicações sobre o pagamento de uma comissão a Diego Fernandes, intermediário envolvido na negociação com o técnico Carlo Ancelotti. O ponto central do questionamento é que o empresário não possui registro como agente licenciado pela entidade máxima do futebol. A informação foi dada em primeira mão pelo UOL e confirmada pela ESPN.
Segundo apuração, Diego atuou diretamente na negociação conduzida durante a gestão de Ednaldo Rodrigues. Ele esteve em Madri, representando a CBF nos contatos com o então técnico do Real Madrid e participou ativamente da construção do acordo que colocaria Ancelotti à frente da seleção brasileira.
O nome de Fernandes consta no contrato assinado entre CBF e Ancelotti, conforme revelado em documentação analisada pela reportagem. Por esse trabalho, ele teria direito a uma comissão de 1,2 milhão de euros (aproximadamente R$ 7,7 milhões). A Fifa, no entanto, vê com preocupação o envolvimento de alguém sem credenciamento oficial e já solicitou explicações formais.
De acordo com o Artigo 11 da Regulação de Agentes da Fifa, apenas profissionais licenciados podem atuar em transferências e contratações de jogadores ou treinadores.
A legislação é clara ao restringir a atuação de agentes sem credencial: “Quaisquer empregados ou contratados por uma agência que não sejam agentes licenciados não podem prestar serviços de agente de futebol nem abordar potenciais clientes para firmar contrato de representação.”
De acordo com o que foi noticiado pela ESPN no dia 27, Fernandes tem trânsito nos bastidores da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) desde 2022, quando iniciou relacionamento com o então presidente Ednaldo Rodrigues.
Em 2025, quando Ednaldo optou por retomar as negociações iniciadas com Ancelotti em 2023, o dirigente precisava de um representante na Europa e selecionou o empresário para intermediar as conversas.
Ao longo dos meses, Fernandes foi decisivo para a CBF fechar a contratação de Carletto, o que rendeu ao agente uma comissão de 1,2 milhão de euros (R$ 7,683 milhões) em contrato.
A ESPN ainda apurou que não é por acaso também que o agente vem aparecendo seguidamente em várias fotos ao lado do novo comandante da seleção.
De acordo com fontes, Diego Fernandes contratou agências de comunicação na Europa e no Brasil para explorar sua imagem a partir da negociação com Carlo Ancelotti.
As empresas trabalharam na divulgação de fotos nos momentos de anúncio, embarque para o Brasil e desembarque no Rio de Janeiro, com tudo combinado no contrato de intermediação.
O empresário, aliás, fez constar nos documentos que a CBF sempre o citaria como intermediário e representante oficial nas conversas, e também que ele teria autorização para explorar o caso e tornar pública cada imagem ao lado de Ancelotti nos momentos chaves da negociação.
Uma curiosidade é que a Confederação, em sua nota oficial do anúncio de Ancelotti como novo treinador da seleção, não colocou o nome de Fernandes. Horas depois, a matéria foi atualizada, desta vez com uma mensagem de agradecimento ao agente.
Outro fato curioso é que o próprio Diego bancou o aluguel do avião que transportou Carletto ao Brasil, ao custo de mais de R$ 1 milhão. Por contrato, a CBF reembolsará o montante.
A ESPN apurou que o excesso de exposição do empresário causou desconforto na atual gestão da CBF, agora presidida por Samir Xaud.
A alta cúpula da Confederação, porém, entende que não há o que fazer, já que tudo está amarrado no contrato redigido ainda quando Ednaldo Rodrigues estava no comando.