A final da Conference League, marcada para esta quarta-feira (28), terá mais do que um troféu em jogo. No banco de reservas, Chelsea e Betis serão comandados por dois técnicos que compartilham uma história de amizade, respeito e influência mútua: Enzo Maresca e Manuel Pellegrini.
O confronto coloca frente a frente um mestre e seu aprendiz – e vai além da competição. Maresca, de 45 anos, não esconde a admiração por Pellegrini, de 71, a quem chama de “pai profissional”. “É um relacionamento especial. Passei quatro anos com Manuel, ele é uma referência pela sua carreira e história, além de ser uma ótima pessoa. Sempre que preciso tomar grandes decisões, entro em contato”, revelou o italiano em entrevista coletiva.
A relação entre os dois começou em 2011, quando Maresca atuava como meio-campista do Málaga, então treinado por Pellegrini. O italiano, já em final de carreira, encontrou no técnico chileno uma figura formadora. “Ele tem a idade do meu pai. Quando estou perto de pessoas mais velhas, gosto de aprender tudo que posso”.
A parceria evoluiu anos depois, quando Maresca foi convidado para ser assistente técnico de Pellegrini no West Ham, em 2018. Foram meses de trabalho intenso na Premier League, nos quais o ex-meia passou a enxergar o futebol sob outra perspectiva – a do comando técnico.
Mesmo após seguirem caminhos distintos, os dois mantêm contato constante. Recentemente, Maresca ligou para o ex-mentor em busca de um conselho: deveria ou não aceitar a proposta do Chelsea? A resposta, ao que tudo indica, foi positiva.
No time de Londres, Maresca implantou ideias modernas com forte inspiração em seus mentores. A linha defensiva alta, que busca induzir o adversário ao impedimento, tem traços claros do modelo de Pellegrini. Outro traço marcante é o uso de laterais invertidos, como Marc Cucurella e Reece James, que entram pelo meio na construção de jogadas – herança direta da passagem por Manchester e da convivência com Guardiola.
À frente do elenco mais jovem da história do Chelsea na era Premier League, Maresca busca seu primeiro título como técnico profissional. Para isso, terá que superar o próprio “pai”.
Mas o resultado, garantem ambos, não afetará a amizade. “Nós dois queremos vencer, sem dúvida. Mas o bom é que, em termos de relacionamento, nada muda depois. Moramos perto na Espanha, e seguimos nos falando com frequência”, disse Maresca.
Pellegrini, por sua vez, não poupou elogios ao pupilo: “É gratificante ver um ex-jogador crescer e se tornar técnico de um clube como o Chelsea. Espero que ele tenha sucesso – só não nesta quarta”.