Do alto de seus 39 anos, Dayro Moreno será o maior obstáculo do Fluminense na tentativa de encerrar a fase de grupos da CONMEBOL Sul-Americana na liderança da chave F – e, assim, evitar o playoff e ir direto para as oitavas de final. O centroavante vem liderando a campanha do Once Caldas-COL na competição, com 4 gols, e quer deixar a sua marca no Maracanã na noite desta quarta-feira (28), a partir das 21h30 (de Brasília).
O jogador é uma rara estrela do futebol sul-americano desconhecida no Brasil. Ele tem o maior número de gols da história do Campeonato Colombiano e já superou Falcão García no posto de maior artilheiro da história do país – tem 363 gols, nove a mais (354) que o ex-jogador de River Plate-ARG, Porto-POR e Atlético de Madrid.
Moreno sempre foi midiático porque criou, na mesma proporção dos gols que marcou, problemas fora das quatro linhas. Sua popularidade é tão grande que a ex-mulher já deu entrevista em rede nacional falando sobre o fim do relacionamento. Reconhecidamente adepto ao álcool (que ele chama de “vitamina”), Dayro foi dispensado de vários clubes por chegar atrasado, faltar a treinos e brigar com companheiros, técnicos e dirigentes. Por isso, suas passagens pelos dez clubes que atuou não foram longevas.
Na Europa, jogou em apenas por um clube, o Steua Bucaresti, da Romênia – recentemente, disse que lhe faltou maturidade para seguir no Velho Continente. De volta às Américas, se dividiu entre o Tijuana (México) e vários times colombianos, como Junior Barranquilla, Millonarios e Atlético Nacional – no qual foi demitido por justa causa. Além de ter jogado no Talleres, da Argentina, e no Oriente Petrolero, da Bolívia.
Mas o Once Caldas sempre foi seu porto seguro. Lá, iniciou sua trajetória de maneira vitoriosa. Aos 18 anos, participou da histórica campanha que deu ao clube sua única taça da Libertadores, em 2004 – com direito a eliminar o São Paulo na semifinal. Ele não balançou as redes naquela edição, mas esteve em campo em seis jogos, quatro deles como titular – inclusive na final contra o então temido Boca Juniors-ARG. E, depois de outras duas passagens, foi lá que se assentou nos últimos dois anos, curiosamente os melhores de sua carreira.
Mais experiente, embora não menos festeiro, Dayro Moreno tem liderado o grupo e alcançado feitos históricos. Na atual temporada, tem 14 gols em 26 jogos. Virou unanimidade no país e fez com que vozes como a de Valderrama, ídolo eterno do futebol colombiano, clamem pela sua convocação à seleção, o que aconteceu poucas vezes ao longo da sua trajetória.
Mas como o futebol brasileiro não ‘viu’ Moreno? Ele andou por aqui, sim. Em 2007, no Athletico-PR. Mas entrou em campo apenas duas vezes, somando meros 33 minutos em campo. O suficiente para marcar o sexto gol da vitória por 6 a 3 sobre o Figueirense, no dia 23 de agosto. O outro jogo de que participou, no dia 6 de outubro, terminou com derrota por 3 a 0 para o Goiás.
Dayro marcaria ainda um segundo gol em solo brasileiro. Foi pelo Once Caldas, que venceu o Cruzeiro pela Libertadores de 2011 na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas (MG). Ele foi autor do segundo gol colombiano e selou a eliminação do Cruzeiro nas oitavas de final. O goleiro era Fabio, o mesmo que na primeira rodada da atual Sul-Americana, pelo Fluminense e fora de casa, no Estádio Palogrande, em Manizales, evitou um golaço de Moreno, que acertara um ‘sem pulo’ da entrada da área com extrema violência – a equipe brasileira venceu por 1 a 0, gol de Cano.
O goleiro tricolor vai precisar estar atento para evitar que o polêmico camisa 17 colombiano faça pela primeira vez um gol no Maracanã e estrague os planos de Renato Gaúcho, seu compatriota Jhon Arias e companhia. O time carioca é o segundo no grupo F com dez pontos contra 12 do Once Caldas, líder.
