A principal arma do Cuiabá para retornar à Série A se encontra fora das quatro linhas e atende pelo nome de Guto Ferreira. E não poderia ser diferente. Afinal, no banco de reservas do Dourado está o treinador em atividade com mais acessos na Série B do Brasileirão.
Desde que iniciou a carreira de treinador em 2011, no Mogi Mirim, Guto Ferreira acumulou quatro acessos na Série B – Ponte Preta (2014), Bahia (2016), Internacional (2017) e Sport (2019). Só está atrás do histórico Givanildo Oliveira, que subiu cinco vezes para a elite.
E qual o segredo para o sucesso na Série B? Em entrevista exclusiva à ESPN, Guto destacou a importância de trabalhar todo o elenco durante o campeonato e não perder de vista os quatro primeiros colocados.
“Cada campeonato teve algo diferente. Acho que quando você pensa, o que teve de similaridade em todos é a consciência de grupo. E depois, o campeonato em termos de pontuação, é importante você estar correndo no bloco o tempo todo e ter forças para a arrancada final”, disse o treinador.
Foi durante a campanha que terminou com o acesso da Ponte Preta na Série B que surgiu o apelido “Gordiola”, em referência ao multicampeão Pep Guardiola e que o acompanha até os dias de hoje. Se ele ficou bravo? Nada disso. O treinador acredita que a alcunha o deixou mais próximo dos torcedores.
“Eu passava a ideia de um cara mais fechado, mais bronco, e o apelido me humanizou. Gratidão ao [jornalista] Flávio Prado, que na época da Ponte lançou em entrevista esse apelido, que foi se efetivar na primeira passagem pelo Bahia. Só trouxe benefícios”, destacou.
Apesar de lidar bem com o apelido, Guto Ferreira desabafou sobre o preconceito com sua forma física e reclamou da falta de oportunidades em clubes grandes da Série A do Brasileiro. Na elite, o treinador dirigiu Ponte Preta, Portuguesa, Chapecoense, Bahia, Ceará e Coritiba.
“Eu não posso ser encarado pela minha imagem física, até porque eu não jogo. Eu tenho que ser visto pela qualidade do meu trabalho. Infelizmente dentro do futebol é muito fácil, do nada, as pessoas rotularem as outras. E muitas vezes rotulando para o negativo e as vezes rotulando situações achando que está sendo positivo para a pessoa, mas ela traz um lado negativo”, comentou.
“Por exemplo Rei do Acesso. É muito bom, muito bom. Mas tem que avaliar também em que condição e quais os resultados que tivemos em clubes de Série A. Porque não sou só treinador de Série B. Sou treinador com resultados muito bons em clubes de médio para baixo na Série B”, continuou o comandante.
“Não tivemos oportunidades de trabalhar em grandes de Série A, com grupos qualificados. Mas infelizmente a sociedade age pelo visual e nem sempre o visual é o real. Cada um faz suas escolhas. Eu sigo firme e forte, feliz da vida, trabalhando em um clube que me dá condições maravilhosas”, afirmou Guto Ferreira.
Com o Rei do Acesso no banco, o Cuiabá busca retornar ao G-4 da Série B nesta sexta-feira (16), quando visita a Chapecoense, às 19h (de Brasília), na Arena Condá, pela oitava rodada, com transmissão ao vivo no Disney+.