Chegou a hora de um técnico estrangeiro assumir a seleção brasileira? A pergunta que causou inúmeros debates desde a saída de Tite enfim teve uma resposta na segunda-feira (12), com o anúncio do italiano Carlo Ancelotti para o cargo vago desde a demissão de Dorival Júnior.
O comandante do Real Madrid chega respaldado pelo imenso currículo, mas não é unanimidade entre os técnicos que trabalham ou já dirigiram alguns dos principais clubes do Brasil. A ESPN procurou 14 profissionais para saber o que eles pensavam de Ancelotti na seleção e ouviu respostas variadas.
Nomes como Carlos Alberto Parreira, Muricy Ramalho e Rogério Ceni mostraram-se favoráveis à escolha da CBF, enquanto Abel Braga discursou contra ter um estrangeiro na seleção. Mano Menezes, por outro lado, evitou opinar se o movimento é correto ou não.
Dos procurados pela ESPN, cinco preferiam não se manifestar: Abel Ferreira (Palmeiras), Cuca (Atlético-MG), Dorival Júnior (hoje no Corinthians e justamente o último a dirigir a seleção), Renato Gaúcho (Fluminense) e Roger Machado (Internacional). Já Leonardo Jardim, do Cruzeiro, não respondeu.
Vanderlei Luxemburgo, por sua vez, postou nas redes sociais o que pensa sobre a chegada de Ancelotti à seleção.
Muricy Ramalho, ex-técnico e hoje coordenador do São Paulo
“Eu não quero saber onde o técnico nasceu. Para mim, o treinador tem que ser bom, e o Ancelotti já mostrou que é muito bom”.
Cléber Xavier, ex-auxiliar da seleção brasileira e hoje técnico do Santos
“Gosto do Ancelotti, acho um dos melhores treinadores do mundo, um cara que me recebeu super bem… (De outros estrangeiros) O Abel aqui no Palmeiras está fazendo um baita de um trabalho, o cara que nos recebeu super bem também na seleção. O Vojvoda, que o Tite teve prazer de conhecê-lo, eu não tive ainda, também um cara de um baita trabalho no Fortaleza. O Artur (Jorge), o Luís Castro, e o (Jorge) Jesus, né, para falar dos recentes, fizeram bons trabalhos, embora curtos, né, mas muito bons trabalhos, né, com conquistas do Artur e do Jorge. Seleções de outras modalidades no Brasil já tiveram treinadores estrangeiros, e entendo o problema da seleção não ser treinador, né? É uma organização melhor. A gente conseguiu dar essa organização aí quando esteve lá, né? Principalmente no primeiro momento, depois tivemos alguns pequenos problemas, mas é a questão de organização, né? Acho que o (Fernando) Diniz, não deram tempo de organizar a situação dele, ele ficar em dois lugares, não levou a um desenvolvimento melhor… Dorival também, numa pressão, sem tempo, sem paciência… De repente, outros treinadores que tiveram bons momentos podiam ter aproveitado. Então veja uma organização melhor da CBF como um todo, né? E para que a coisa realmente mude a figura, né? Cada vez mais o futebol se moderniza, é diferente, né? Precisa de processos, precisa de gestões melhores”.
Vagner Mancini, técnico do Goiás
“Ancelotti é um grande treinador e uma grande pessoa, torcerei muito pelo seu sucesso”.
Rogério Ceni, técnico do Bahia
“Fantástico. É fantástico ter um profissional tão vencedor à frente da nossa seleção”.
Carlos Alberto Parreira, técnico campeão do mundo com a seleção brasileira em 1994
“Encaro de um modo muito natural, pois já fui técnico de cinco seleções. Teria sido bom que tivéssemos um brasileiro, mas o Ancelotti é muitíssimo identificado com o futebol brasileiro, até mesmo pelos inúmeros jogadores (brasileiros) que dirigiu com muito sucesso. É um treinador de peso, super bem-sucedido na carreira e com um currículo de vitórias e títulos impressionante. Certamente, conhece muito bem o nosso futebol”.
Abel Braga, ex-técnico de Fluminense, Internacional, Flamengo, Vasco e Botafogo
“Sinceramente, eu vejo com pesar. Porque sempre foi ganho com treinadores brasileiros. Agora sobre a escolha, ele é muito bom, parece um cara muito coerente. Mas, no momento que a seleção vive, eu acho que ele não tem aquele temperamento que nós achamos que está sendo o necessário. Precisamos de mais alma, cara. Está precisando pegar os caras pelo ombro e sacudir. Isso aqui não é uma camisa para ter valorização pessoal, ter marketing. São cores que representam um país. E não é isso que nós temos visto. Essa é a grande verdade”.
Então, eu acho que, para você colocar um estrangeiro, a maior coerência seria chamar Abel Ferreira. Não tenho a mínima dúvida disso. E lamentando, óbvio, que nós temos jovens treinadores muito capacitados, mas que simplesmente não aparecem. Por quê? Não conseguem aparecer nos clubes.
É um cara ganhador, mas não acredito muito que tem um temperamento para esse momento. O que eu lamento mais é não ver realmente um treinador brasileiro ali”.
Mano Menezes, técnico do Grêmio
“Sinceramente não tenho opinião sobre o fato. Vamos esperar para ver. Deve ser bom, afinal, a CBF esperou tanto tempo”.
Luis Zubeldía, técnico do São Paulo
“Primeiro, eu estava confiante que o Dorival poderia fazer uma grande Copa do Mundo. Dito isso, em segundo lugar, uma vez tomada a decisão da CBF, acho que é uma contratação muito boa pelo mesmo motivo: é um treinador completo, um estrategista muito bom, administra bem vontades e egos, é prático com o que pede em campo, tem experiência e, além disso, já conquistou muita coisa. Não sei por quantos anos ele vai ficar organizando isso, mas como a Copa do Mundo está chegando, acho que o tempo está do lado de Ancelotti. Vá para a Copa do Mundo e mostre sua habilidade lá. Por outro lado, seria mais difícil para ele começar uma fase classificatória do zero com a Copa América no meio. Isso seria mais difícil para ele e sua adaptação”.
Vanderlei Luxemburgo, ex-técnico Palmeiras, Corinthians, Cruzeiro, Santos, Flamengo, seleção e outros
“Eu gostaria que fosse um técnico brasileiro, porque nós já ganhamos vivendo exatamente o mesmo momento que estamos vivendo hoje. Então, seria importante, porque já conhecemos a nossa essência e sabemos que podemos ganhar. Acho que não temos mais tantos jogadores como tínhamos antigamente. Então, a vinda do Ancelotti é um momento bom. Bem-vindo, Ancelotti! Que tudo dê certo para você, que você nos ajude a ir em busca de novas conquistas, e uma grande conquista. Não é fácil… Aqui nós temos uma essência nossa que é diferente, mas eu tenho certeza que você, com a sua sabedoria, vai saber conduzir a seleção brasileira rumo a uma conquista de Copa do Mundo”.
