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Vagner Love abre jogo à ESPN sobre apelido e passa carreira a limpo

by Da Reportagem

Reforço do Retrô para a disputa da Série C do Brasileiro, Vagner Love quer mostrar que ainda tem lenha para queimar no futebol. Aos 40 anos, porém, o atacante sabe que o fim da carreira se aproxima.

Em entrevista exclusiva à ESPN, Love passou a limpo a sua trajetória no futebol, que quase foi interrompida precocemente por um ato de indisciplina.

O ano era 2003. A cidade, São José dos Campos. Antes da última rodada da fase de grupos da Copa São Paulo de Futebol Júnior, o Palmeiras afastou Vagner – como era chamado na época – por indisciplina.

A joia alviverde havia levado uma mulher para a concentração e acabou sendo flagrado pelo técnico Karmino Colombini. Vagner superou a indisciplina com gols e levou o Palmeiras ao vice-campeonato. Surgia ali o apelido de Love, o Artilheiro do Amor.

“Sou muito grato ao Palmeiras, por ter me dado a oportunidade de fazer uma carreira. Cheguei com 16 para 17 anos, fui aprovado, fiz meu primeiro contrato como profissional. Em 2002, figurando no sub-20, foi onde comecei a me destacar, fui campeão paulista sendo artilheiro. Logo em seguida veio a Copa São Paulo, onde eu pude me destacar, onde teve o ocorrido e surgiu meu apelido, que eu não aconselho nenhum garoto a fazer o que eu fiz, porque ali fiquei com muito medo da minha carreira acabar”, revelou o atacante.

Eleito o melhor jogador daquela edição da Copa São Paulo de Futebol Júnior, Vagner Love foi promovido ao elenco profissional para a disputa da Série B do Brasileirão – a primeira da história do Palmeiras. O atacante deu conta do recado e ajudou o Verdão a conquistar o título com 19 gols, sendo o artilheiro da competição.

“Mas Deus foi tão bom comigo que acabou tendo um efeito inverso. No começo eu não queria, porque era uma indisciplina que eu tinha cometido, mas depois virou ao meu favor. Assumi o nome (Vagner Love), depois subi para o profissional e veio a Série B. Aquela Série B foi raiz, não tinha VAR, não tinham muitas câmeras, era no máximo uma emissora de TV que fazia os jogos. Ia jogar contra o Brasiliense, contra o Remo, nos estádios pequenos e a porrada comida. Era pisão no pé, soco na costela. Ali me deu um aprendizado muito grande, aprendi muita coisa. Fui campeão e artilheiro”, lembrou Love.

Ascenção meteórica

A passagem pelo profissional do Palmeiras foi rápida. No ano seguinte, o atacante se transferiu para o CSKA, onde se tornou ídolo com gols e títulos, sendo o principal a Copa da Uefa de 2004/05, em cima do Sporting.

Após seis temporadas na Rússia, Vagner Love retornou ao Palmeiras, mas a segunda passagem foi aquém do esperado. Em baixa no Verdão e querendo continuar no Brasil, o atacante foi emprestado ao Flamengo, seu clube de coração.

Ao lado de Adriano Imperador, formou o Império do Amor. O sucesso dentro de campo – 23 gols em 29 partidas – fez o atacante sonhar com a Copa do Mundo de 2010. A convocação, porém, não aconteceu.

“Nada de frustração. Eu voltei pro Brasil em 2009 com essa esperança (de ir para a Copa), brigando por essa oportunidade. Meus primeiros seis meses no Palmeiras não foram tão bons, depois me transfiro para o Flamengo, onde as coisas realmente acontecem. A gente forma o Império do Amor, estava voando, estava fazendo muitos gols. A gente tinha a esperança de ir para a Copa, infelizmente não aconteceu, mas não tenho nenhuma frustração”, garantiu o atacante, que foi bicampeão da Copa América (2004 e 2007).

Adriano Imperador, inclusive, está entre os principais companheiros de ataque que Vagner Love teve ao longo da carreira.

“É até difícil de responder (qual o melhor companheiro), posso até ser um pouco injusto. Na minha passagem pelo Palmeiras, na Série B, tive o Edmilson e o Diego Souza, não esse conhecido, foi incrível jogar com esses dois caras. Na Rússia tive Daniel Carvalho e Jô, que foram incríveis. Tive o Adriano Imperador no Flamengo, que ali surgiu o Império do Amor. Tive o Ronaldinho Gaúcho na minha segunda passagem pelo Flamengo”, citou.

Superou a desconfiança no Corinthians

Com o fim do empréstimo, Vagner Love voltou para o CSKA e depois ficou mais três temporadas no Shandong Luneng, na China, antes de retornar ao Brasil, em 2015. Dessa vez, para o Corinthians. A desconfiança por ter sido revelado no rival deu lugar para idolatria com participação fundamental na conquista do título brasileiro.

“O Corinthians de 2015 (foi o melhor time que jogou). O Corinthians de 2015 marcou, pelo grupo que a gente tinha e pela forma que foi. Nós ganhamos o Brasileirão jogando muito, o time encaixou de forma incrível. Ali eu joguei com Renato Augusto, Jadson, Elias, Ralf, Cássio, Malcom, Arana. Foi marcante e era um grupo sensacional, tinha Edu Dracena, Edilson, Fagner, Cristian, Rodriguinho. A qualidade que aquele grupo tinha era absurda. Qualquer um que entrava dava conta do recado. Pela qualidade que tinha foi um time que marcou muito na minha vida e na minha carreira”, afirmou Love.

No ano seguinte a conquista do título, o atacante se transferiu para o Monaco. Depois, passou por Alanyaspor e Besiktas, ambos da Turquia, antes de retornar ao Corinthians em 2019 para ser campeão paulista.

Faltou algo?

Love ainda defendeu Kairat (CAZ), Midtjylland (DEN), Sport, Atlético-GO e Avaí antes de acertar com o Retrô na semana passada.

Embora queira jogar por mais dois ou três anos, o atacante já se sente realizado por tudo o que viveu no futebol. São mais de 400 gols e 24 títulos. Mesmo assim, Vagner Love sente falta de uma coisa no seu currículo.

“Olha, olhando por esse lado, seria legal ter ganho um título pelo Flamengo. Era uma coisa que eu queria muito que acontecesse na minha carreira (jogar pelo Flamengo) e aconteceu. Em pouco tempo, eu recebi um carinho muito grande do torcedor, um respeito. Se for falar de toda a minha carreira, não me arrependo de nada, faria de tudo novamente, mas talvez um título com a camisa do Flamengo seria uma coisa a mais para acrescentar na minha carreira que foi tão vitoriosa”, finalizou.

Resta saber quando será a “última dança” de Vagner Love…

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