Os bastidores políticos do Corinthians seguem fervendo no Parque São Jorge. Atual segundo vice-presidente do clube, Armando Mendonça admitiu à ESPN que se arrepende do apoio que deu a Augusto Melo na eleição de 2023.
Em entrevista exclusiva ao F360, o advogado abriu o jogo sobre o distanciamento com o mandatário do Timão, principalmente após a polêmica envolvendo o “caso VaideBet”.
Uma investigação conduzida pela Delegacia de Crimes Financeiros, do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) encontrou indícios de que uma parte da comissão paga pelo clube a título de intermediação no acordo de patrocínio foi direcionada a uma conta que teria ligação com o crime organizado.
“As notícias da semana passada foram estarrecedoras. Você ter um relatório preliminar aonde a autoridade policial confirma que dirigentes do Corinthians lesaram a instituição, isso é muito grave, muito triste. Fiquei decepcionado”, disse Mendonça.
O inquérito que investiga o caso realizou um relatório técnico parcial de análise de dados financeiros e bancários e encontrou transferências de cerca de R$ 1 milhão entre contas que seriam ligadas ao crime organizado, utilizadas para limpar o rastro do dinheiro utilizado como comissão na negociação.
O início da investigação, inclusive, foi o motivo que gerou o rompimento entre Augusto Melo e Armando Mendonça.
“Depois do caso VaideBet eu passei a ser hostilizado, a sofrer ameaças, a ser chamado pelo Augusto Melo de traidor. Quem traiu foi o Augusto, que traiu os sócios, a torcida, e traiu um projeto de governo que foi proposto na nossa campanha. Essas pessoas foram saindo porque viram que o projeto de campanha não estava sendo colocado em prática. O que acontece: o Augusto centralizou as questões nele e não cumpriu o que foi prometido. Nós não apoiamos uma pessoa, e, sim, um projeto, que não foi colocado em prática”, disse o advogado, que não negou a decepção com o atual presidente do Corinthians, admitindo arrependimento por ter dado apoio político durante a eleição.
“Eu me arrependo desse apoio político, ainda mais diante das notícias, nós não entramos lá para nos beneficiarmos do Corinthians”.
Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, convocou para o dia 26 de maio, no Parque São Jorge, a reunião que votará o impeachment do presidente Augusto Melo.
Haverá uma primeira chamada às 18h (de Brasília) e outra às 19h.
Uma das preocupações nos bastidores do clube é com a sequência da temporada e como uma eventual destituição do presidente pode afetar a sequência do 2025 alvinegro. Mas ainda que Augusto Melo seja provisoriamente afastado do cargo, a tendência é de que Fabinho Soldado permaneça à frente do departamento de futebol como executivo.
“O Soldado é um excelente profissional, continuará independentemente do que for decidido. O departamento de futebol está sendo muito bem conduzido”, afirmou Armando Mendonça à ESPN.
Veja outros tópicos da entrevista com Armando Mendonça:
“Quando recebi a denúncia do jornalista, contratei um profissional para fiscalizar. Quando levantou que a empresa era de fachada, verifiquei que, realmente condizia, fui conversar com o Augusto. Ele é o presidente, que assina em nome do time, o Corinthians é vítima. Ele negou. Eu pedi uma gestão transparente, e ele decidiu não fazer isso. Os argumentos eram de que a empresa intermediou – que hoje sabemos que não aconteceu – e o que a empresa fazia com o dinheiro, era problema dela”
“Eu pensei, mas pensei mais na instituição. Não está sendo fácil ser ameaçado, mas eu tenho compromisso com o torcedor. Eu decidi ficar para fiscalizar. Tive a família ameaçada, esposa, eu fui hostilizado dentro do Parque São Jorge”
“É difícil responder, precisamos aguardar a decisão dos conselheiros. Agora, o nosso estatuto diz que, em caso de afastamento, assume o 1° vice, eu seguiria como 2° vice, não alteraria a minha vida em nada. Nós temos que tocar a administração, o Corinthians não depende de uma pessoa, o Corinthians precisa de um projeto de gestão”
“Nós temos dois processos: administrativo, analisado pelo conselho, e o judicial, analisado pela autoridade policial. A decisão do conselheiro é administrativa, o presidente foi omisso, causou prejuízo? Isso que estão analisando. Claro que o inquérito preocupa muito”
“Posso falar com propriedade, participei de todas as reuniões do CORE: o CORE tentou orientar o presidente inúmeras vezes, e ele sonegava informações. Entendo que a decisão, tanto do conselho fiscal, quanto do CORE, são totalmente imparciais, técnicas. Nada político. Houve infringência ao nosso estatuto, não vejo nenhum cunho político. Em relação ao Romeu Tuma, vejo que ele cumpre o estatuto”
“O sócio precisa acreditar na instituição Corinthians, nos órgãos internos, o Corinthians é uma potência, temos capacidade de crescer muito, de arrecadar, com uma gestão profissional temos condições de arrumar a casa”